Primeiro manifesto sobre a dúvida ou o ladrilho estreito de uma quase paixão
ATÉ QUANDO o passo incerto a dúvida cercará?
Até quando a respiração contida, os abraços sortidos a sorte vai amarrar?
Até quando haverá scripts não vividos da vontade que me dói, até...?
Até quando os dedos das mãos se entrelaçarão de nervoso, a voz soará no oco espaço do silêncio que cala cada letra por não saberem onde vão parar?
Até quando o corpo não coreografado pelo conhecer viverá a agonia de não saber ser, de não poder estar, de simplesmente se dar?
Até quando o riso soará perdido em um emaranhado de palavras não ditas, mal ditas, de dúvidas todas elas vestidas de preto e branco profundo encardido?
Até quando trilhas sonoras serão tocadas, trocadas no afã de lhe servirem como fundo para todas as fantasias do que será?
Se não conhecesse minha vã filosofia e acreditasse em todos os futuros que de tão incertos jamais tornaram-se presente, lhe diria que tudo não passa de vontade. Tudo não passa. Nada passa. Os dias passam e tudo passa por mim, para mim, diante de mim sem que nada eu possa saber, de repente.
E se em um repente a luz envolver o caminho já traçado em pilhas e mais pilhas de pensamentos sortidos, como balas de papel brilhante colorido e cheias de ilusões contidas, será que a sorte, a vida, o espaço vivido em tantas linhas tortas escritas será berço, incerto remédio, para todas as não-realidades prescritas?
Me diga?
Se a ilusão é o tudo que sorri agora, que seja lindo o gargalhar daquilo que, imagino, possa ser, possa vir a ... será?
Deve estar por vir um tempo em que todas as realidades colidirão e a verdade surgirá como um beijo inesperado, entre sonhos desejado, e tudo não passará... Pode ser que tudo passe. Até lá, passe bem e me diga: será que tudo é nada? O mar das possibilidades é infinito enquanto dura. Dura é a realidade que agora aqui está. Agora, aqui está. Agora. Aqui, nada está. Tudo é sem nunca ter sido. Múltiplas possibilidades doem mais que a escolha de uma nota só. Será?
(Rocha, Márcia)
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